Água numa cidade inteligente: como nos devemos adaptar aos desafios ambientais?

Contadores inteligentes, arrefecimento urbano: gestão da água numa cidade inteligente

Nas cidades de amanhã, o combate às alterações climáticas será baseado na gestão inteligente da água, tanto para preservar a água enquanto recurso, como para arrefecer áreas urbanas através de sistemas de baixa tecnologia.

 

A diminuição global da precipitação, mais frequentes ondas de calor, períodos de seca mais prolongados, o agravamento do efeito ilha de calor urbano... As alterações climáticas colocam uma pressão crescente sobre os recursos hídricos - incluindo em Portugal - ao mesmo tempo que a procura por água em áreas urbanas deva crescer, mundialmente, 80% até 2050, criando stress hídrico em diversas cidades em todo o planeta.
De forma a assegurar a sua atratividade e sustentabilidade, as cidades inteligentes do futuro começam a apostar na melhoria da gestão daquilo que chamamos “ouro azul”.

 

SOLUÇÃO
Ferramenta para a gestão eficiente de equipamentos e centrais de tratamento de águas
SERVIÇOS
A resiliência dos edifícios e equipamentos passa por garantir um sistema de tratamento e controlo da qualidade da água robusto

O Hubgrade, centro de monitorização inteligente da Veolia, integra a gestão de água, de energia e resíduos, sempre com o objetivo de otimizar a utilização destes recursos. No Dubai, por exemplo, este aliado da cidade inteligente deverá permitir uma redução em 30% dos consumos de água e eletricidade de sete edifícios públicos.

Contadores de água inteligentes

Este tipo de resposta pode bem popularizar-se nos próximos anos e alavancar o uso de contadores de água inteligentes, introduzidos há cerca de dez anos atrás. O seu objetivo é assegurar o controlo detalhado e personalizado dos consumos de água, para limitar desperdícios. TéléO, a oferta de leitura remota de contadores da Veolia, em França e na Europa, garante a habitações, empresas e entidades locais o acesso constante aos seus contadores de água, fatura com base nos seus consumos reais e deteta de imediato quaisquer incidentes ou riscos nas instalações (fugas, congelação,…). Este sistema resulta frequentemente em poupanças de água substanciais: nos edifícios municipais de Saint-Amand-Montrond (Centre-Val de Loire), foram poupados 5.500 m3 de água, o equivalente a duas piscinas Olímpicas.

O mesmo princípio foi introduzido nas redes de distribuição de água, igualmente destinadas a ser cada vez mais “inteligentes”. Laure Simon, diretora do projeto TéléO para a Veolia Water France, explica: "Os sensores instalados na rede permitem a monitorização da qualidade da água, evitar perdas, detetar fugas ou atos de vandalismo (em bocas de incêndio, por exemplo). Através de contadores inteligentes, conseguimos monitorizar o impacto real de interrupções às restrições ao consumo, e considerar a introdução de um sistema de preço dinâmico e mais ajustado, aumentando o preço por litro da água quando a pressão sobre os recursos está no seu pico."

"Os sensores instalados na rede permitem a monitorização da qualidade da água, evitar perdas, detetar fugas ou atos de vandalismo.”

Água na cidade inteligente

Estes sistemas podem ser incorporados em ecossistemas de objetos conectados, pilares das “cidades inteligentes” de amanhã. “Há dois anos, demos um salto tecnológico com base nas tecnologias de comunicação do futuro, utilizadas no mundo da Internet das Coisas (IoT)”, diz Laure Simon. Através da sua subsidiária Birdz, a Veolia irá conectar remotamente 70% dos contadores da rede LoRa Orange até 2027. “Estas tecnologias são interoperáveis (utilizam equipamento e software que podem ser explorados por qualquer operador), sendo por isso fáceis de integrar na cidade inteligente”: iluminação, estacionamento, recolha de resíduos urbanos… Tudo poderá funcionar em uníssono.

"Há dois anos, demos um salto tecnológico com base nas tecnologias de comunicação do futuro, utilizadas no mundo da Internet das Coisas (IoT).”

Cooling de baixa tecnologia

Para manter a sua atratividade, a cidade inteligente deve também mitigar os efeitos das alterações climáticas.

A multiplicação e intensificação de episódios de temperaturas elevadas - estudos estimam que ondas de calor possam atingir os 50ºC em Lisboa - têm impactos reais no conforto e na saúde dos cidadãos.

Felizmente, a adaptação das cidades a esta nova realidade já inspirou soluções para os espaços exteriores: fachadas brancas para potenciar o albedo, florestação de áreas urbanas, humidificação da superfície da estrada e pavimento com evaporação em áreas pedonais, que atenuam o fenómeno de ilha de calor urbano e reforçam a resiliência das cidades. As superfícies permeáveis são um exemplo de economia circular uma vez que, fabricadas na Europa, incluem vieiras esmagadas e permitem a reutilização da água da chuva. “Estes pavimentos porosos absorvem a água da chuva e evaporam-na em períodos de calor extremo, reduzindo a temperatura percebida em 5-6ºC” diz Eric Lesueur, CEO da 2EI, uma subsidiária da Veolia, recordando as demonstrações em Toulouse e Nice. Esta solução, baseada em dados meteorológicos locais, é totalmente autónoma e a monitorização do seu desempenho é remota.