Lançámos um survey entre os stakeholders que seguem o LinkedIn da Veolia Portugal questionando sobre as prioridades rumo à neutralidade carbónica.
Em 161 participantes, entre os quais entidades gestoras públicas e privadas, indústrias, outras entidades públicas, academia e sociedade civil, a eficiência nas indústrias foi apontada como a PRIORIDADE (43%).
Muito próximas ficaram as apostas nas energias renováveis (22%) e na captura e sequestro de CO2 (26%).
Neste survey, a eficiência em edifícios foi apontada com menos prioritária (14%).

À conversa com José Costa Pereira, Diretor de Energia da Veolia Portugal
- Esta relevância dada à eficiência na indústria é um resultado que surpreende?
Na verdade não. Desde logo porque, na nossa própria atividade, enquanto parceiros para a transformação ecológica, temos visto que são de facto cada vez mais as indústrias a procurar formas de serem mais eficientes (o que abrange obviamente o consumo de energia, mas também a circularidade de processos e materiais). O objetivo é sem dúvida a redução das emissões de CO2, materializando os compromissos que têm vindo a assumir com a neutralidade carbónica, mas também a redução de custos e a melhoria da sua performance. As indústrias, pela sua natureza inovadora e adaptativa, conseguem gerar mais rapidamente mudanças. E nós - TODOS - precisamos dessa aceleração.

- Como é que as indústrias se tornam energeticamente mais eficientes?
A eficiência energética nos processos industriais é o somatório de vários processos complementares, começando na definição de uma filosofia de monitorização de consumos e terminando na inteligência artificial aplicada ao volume cada vez mais massivo de dados, transformando-os em informação realmente útil, preditiva de consumos e geradora de eficiência. Temos implementado alguns projetos nesta área em contexto industrial, nomeadamente na indústria alimentar e de bebidas onde desde há vários anos damos já um contributo relevante ao nível da eficiência energética através da cogeração (que produz energia térmica e elétrica a partir de uma única fonte de energia). Juntar a estas soluções maduras os novos serviços digitais é algo que acreditamos ser o futuro.
- E as energias renováveis, não entram nessa equação?
Claro que entram. Nos processos de descarbonização, a eficiência surge de braço dado com as energias renováveis, o que aliás as respostas a este survey parecem também reconhecer. Por exemplo, a biomassa, que inclui toda a matéria orgânica valorizável de origem animal ou vegetal, é na nossa opinião um potencial que precisa de ser explorado em Portugal, enquanto importantíssimo – e neutro em carbono – recurso para gerar energia renovável.
- E a eficiência dos edifícios, o survey aponta para um contributo menor...
Na Veolia, temos vindo a insistir que já não temos tempo para adaptar gradualmente a forma como produzimos e consumimos. Temos de acelerar a implementação de soluções que façam realmente a diferença, de alto impacto neste movimento rumo à neutralidade carbónica. E nesse movimento todos são precisos. Quero com isto dizer que os grandes edifícios (escritórios, hospitais, grandes edifícios públicos, centros comerciais, hoteis, universidades,...) não podem ficar de fora. Até porque os edifícios são responsáveis por quase 30% do consumo de energia final em Portugal! É possível e desejável aliar conforto (climatização), segurança (qualidade do ar) e eficiência energética.