Green Gatherings

Momentos-Chave do debate sobre a flexibilidade energética como garante de uma transição resiliente e sustentável
Cartaz evento Green Gathering Flexibilidade Energética

Os Green Gatherings são encontros semestrais da Veolia focados na Transformação Ecológica, que reúnem especialistas para debater soluções de despoluição, regeneração e descarbonização com o objetivo de inspirar ações concretas para a preservação dos recursos essenciais. 

No atual contexto de transição energética e necessidade de resiliência, a flexibilidade energética assume um papel central como garante de uma transição resiliente e sustentável. A segunda edição dos Green Gathering by Veolia reuniu decisores políticos, operadores, regulador, agregadores, academia e indústrias para debater o tema "Energia que se adapta: a flexibilidade energética como garante de uma transição resiliente e sustentável". 

Green Gatherings |Energia que se adapta: a flexibilidade energética como garante de uma transição resiliente e sustentável

Do Debate à Síntese

Num contexto europeu marcado por uma profunda transformação energética, a crescente integração de eletricidade proveniente de fontes renováveis coloca novos desafios à estabilidade das redes e à competitividade económica. A capacidade de ajustar, em tempo real, o consumo e a produção de energia tornou-se essencial para garantir um sistema elétrico eficiente e resiliente. 

Com as projeções da Comissão Europeia a apontarem para uma quota de 69% a 83% de eletricidade renovável no mix energético até 2030, a flexibilidade energética emerge como elemento estratégico, permitindo uma gestão inteligente e automática da energia conforme as necessidades da rede. Esta transição, contudo, exige um esforço coletivo que envolve produtores, consumidores, operadores, reguladores e decisores políticos, combinando inovação técnica, visão estratégica e compromisso com um futuro sustentável. 

Foi neste espírito que a Veolia Portugal promoveu a segunda edição do Green Gathering, reunindo especialistas e líderes para debater soluções que assegurem uma transição resiliente e segura.

"Por cada euro gasto em combustíveis fósseis, mais de dois foram investidos em energia limpa. A lógica económica é clara: 90%dos novos projetos de energias renováveis geram eletricidade a um custo inferior ao dos combustíveis fósseis. A energia solar é agora41%mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo. Portanto, sim, o impulso é real." 

Ursula von der Leyen, 22 de Setembro
Global Renewables Summit

"Não há Green Deal sem Grid Deal"

Luis Rebelo, Manager, Cleantech for Iberia
Luis Rebelo, Manager, Cleantech for Iberia

Luís Rebelo, manager da CleanTech for Iberia, abriu o evento com uma mensagem clara e provocadora: "não há Green Deal sem Grid Deal, e sem flexibilidade energética não haverá transição bem-sucedida". Partindo da visão de que a Península Ibérica reúne condições únicas para se tornar um hub global de energia limpa, destacou que a aceleração da transição exige ambição, alinhamento regulatório e mercados de flexibilidade robustos. Ao abordar os desafios geopolíticos, a dependência tecnológica da China e a necessidade de reforçar a competitividade europeia, Luís Rebelo posicionou a flexibilidade como resposta estratégica aos três grandes objetivos: descarbonização, segurança energética e redução de custos. 

Todas as Empresas Vão ser Empresas de Energia?

Adrien Doré Flexcity
Adrien Doré, Head of International Grow and Multi-Country P&L at Flexcity

Adrien Doré, Head of International Grow and Multi-Country P&L na Flexcity, trouxe ao Green Gathering uma visão prática e operacional sobre a flexibilidade energética, destacando o papel central dos agregadores como ponte entre produtores, consumidores e operadores de rede. Enfatizou que a crescente penetração de renováveis aumenta a instabilidade do sistema, tornando essencial a capacidade de ajustar consumo e produção em tempo real. Adrien Doré explicou como os agregadores consolidam pequenas capacidades dispersas, criando ofertas robustas e novas fontes de receita para os participantes, num mercado onde a remuneração reflete diretamente a necessidade de equilíbrio da rede. Com exemplos concretos, mostrou que a flexibilidade já é uma realidade com impacto direto na indústria e defendeu que todas as empresas, independentemente do seu setor, podem gerar valor através da gestão inteligente de energia. O seu apelo final foi claro: mais serviços, mais integração e mais incentivos para que Portugal transforme a liderança nas renováveis em competitividade e estabilidade energética.

Flexibilidade Energética em Portugal: Caminhos e prioridades

António Coutinho no Green Gathering, Presidente da Direção Associação Portuguesa de Energia
António Coutinho, Presidente da Direção Associação Portuguesa de Energia

"A flexibilidade é daquelas tais coisas que se vai falando muito, como uma solução para todos os problemas, como uma bala de prata. E depois, de facto, não está a acontecer", apontando que, apesar de já ser tecnicamente possível criar um mercado de flexibilidade em Portugal, este ainda não existe na prática. Identificou falhas no desenho de mercado, ausência de regulamentação completa para agregadores e sinais de preço fracos que não compensam os custos de transação, dificultando o investimento e a operacionalização da flexibilidade.

Pedro Verdelho, Presidente do Conselho de Administração ERSE
Pedro Verdelho, Presidente do Conselho de Administração ERSE

"Portugal só foi pioneiro nas energias renováveis porque teve regulação. Sem regulação, nada teria acontecido", defendendo que a regulação continua a ser essencial para o avanço energético. Propôs soluções como o autoconsumo coletivo e a partilha de energia para gerar flexibilidade, reduzir custos e integrar mais agentes no sistema, alertando para a necessidade de integração setorial e para a importância de nivelar preços como forma de aumentar a eficiência e atrair mais participantes.

Bruno Marçalo Nunes, Director of System Management Gas & Electricity, REN
Bruno Marçalo Nunes, Director of System Management Gas & Electricity, REN

"Eu não sou o homem do apagão. Ainda sou o homem que ajudou a dar à luz", partilhando a experiência prática da REN na gestão da rede em tempo real e mostrando que a flexibilidade já é aplicada há anos, embora pouco visível. Apontou desafios técnicos e culturais, como a baixa literacia de alguns agentes, e reforçou o papel da REN como facilitadora, promovendo conhecimento e aproximando os players do mercado para que possam prestar serviços e gerar valor.

José Costa Perreira, COO de Energia Veolia Portugal no Green Gathering
José Costa Perreira, COO de Energia Veolia Portugal

"Ontem o jogo devia ter 90 minutos, mas teve 97. Houve mais gente agarrada ao ecrã, e o Bruno Nunes (REN) e a equipa dele não previram isso, não falaram com o árbitro. Houve ali um consumo inesperado." José Costa Pereira, COO de Energia da Veolia Portugal, utilizou esta metáfora futebolística para ilustrar os desafios da imprevisibilidade do consumo energético e os custos que isso acarreta para produtores e gestores de rede. Defendeu que a flexibilidade deve ser acessível a todos — grandes indústrias, consumidores residenciais e comunidades de energia — como forma de aproveitar oportunidades de negócio, aumentar a eficiência do sistema e reduzir impactos da variabilidade da procura.

"Sem flexibilidade, não há futuro energético viável"

Jean Barroca, Secretário de Estado Adjunto e da Energia
Jean Barroca, Secretário de Estado Adjunto e da Energia

Jean Barroca, Secretário de Estado Adjunto e da Energia, encerrou a sessão reforçando que Portugal pioneiro na transição energética e líder nas renováveis, precisa de dar o próximo passo: integrar essa energia de forma eficiente e segura. Reconhecendo os constrangimentos técnicos e regulatórios, destacou que a flexibilidade é essencial para garantir a segurança do abastecimento, reduzir custos e acelerar a descarbonização. Apelou à ação conjunta de todos os agentes do setor — Estado, empresas, operadores, reguladores e consumidores — para transformar ideias em soluções concretas. Com uma década decisiva pela frente, alertou que a vantagem competitiva conquistada só será mantida se a flexibilidade se tornar prática quotidiana e rentável para todos.

Explore o Poder da Energia: Flexibilidade, Cogeração e Biogás