Green Gatherings

Momentos-Chave do Debate sobre o papel dos Biorresíduos e do Biogás na Descarbonização em Portugal
Green Gathering evento

Os Green Gatherings são encontros trimestrais da Veolia focados na Transformação Ecológica, que reúnem especialistas para debater soluções de despoluição, regeneração e descarbonização. Em formato exclusivo e intimista, estes eventos promovem a partilha de conhecimentos e boas práticas, com o objetivo de inspirar ações concretas para a preservação dos recursos essenciais.

Num cenário global de desafios ambientais e energéticos sem precedentes, o biogás surge como solução transformadora para a descarbonização e regeneração do planeta. Apesar do potencial e das políticas europeias favoráveis, Portugal ainda enfrenta desafios na implementação desta solução. Os Green Gatherings brought to you by Veolia reuniram especialistas e stakeholders para debater soluções inovadoras na gestão de resíduos orgânicos, economia circular e biogás, com o propósito de construir um futuro mais sustentável.

Green Gatherings | Resíduos que Transformam: os Biorresíduos como Estratégia para a Descarbonização em Portugal

Do Debate à Síntese

No passado dia 25 de março, Coruche foi palco de um encontro histórico que reuniu mais de 30 especialistas e líderes do setor empresarial português. Sob o tema 'Resíduos que Transformam: Os Biorresíduos como Estratégia para a Descarbonização em Portugal', este encontro nasceu da necessidade urgente de abordar a transformação de resíduos em recursos energéticos, com particular ênfase no potencial do biogás como solução sustentável.

Num momento em que enfrentamos desafios sem precedentes - com os últimos oito anos registados como os mais quentes da história e uma população global que já ultrapassou os 8 mil milhões - a necessidade de ação tornou-se imperativa. 

A escolha estratégica das instalações da Ambitrevo becomes Veolia em Coruche como local do evento não foi coincidência. Este espaço representa já um exemplo prático de inovação na gestão de biorresíduos, onde a compostagem é uma realidade e onde se planeia implementar a próxima fase: a produção de biogás através de digestão anaeróbia.

Biogás e Biometano: O caminho para a autonomia energética de Portugal

Para Portugal, que importa 80% da sua energia, o biogás representa uma oportunidade crucial. Este recurso, produzido através da decomposição controlada de matéria orgânica em ambiente sem oxigénio (digestão anaeróbia), possibilita múltiplas aplicações: desde a produção de energia elétrica e térmica até à sua conversão em biometano, uma alternativa sustentável ao gás natural tradicional. Segundo a Agência Internacional da Energia, será a segunda fonte renovável com maior crescimento até 2050, após a energia solar. 

O Plano de Ação para o Biometano (2023) indica que o país tem potencial para produzir 

410

milhões de metros cúbicos de biometano anualmente, equivalente a

10%

do atual consumo nacional de gás

Portugal tem potencial inexplorado para liderar mercado de biorresíduos e energia verde

Flávio Ascenço, Líder Técnico da Associação Mundial de Biogás e da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorrecursos

Em entrevista exclusiva para a Veolia, Flávio Ascenço partilhou que "Portugal tem excelentes condições para criar um mercado de valorização dos biorresíduos, transformando um problema ambiental em múltiplas soluções valiosas - desde a produção de energia à geração de biofertilizantes. Com uma forte indústria alimentar, expressiva produção agrícola e pecuária, além de elevada densidade populacional urbana, o país tem potencial para liderar o sul da Europa em gases renováveis. No entanto, o comboio está a sair da estação - é crucial ultrapassar barreiras e criar um 'Biogas Road Map Portugal', pois não há Net Zero sem biogás."

Flávio Ascenço, Líder técnico da WBA e da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorrecursos

“O biogás é o maior exemplo de economia circular que temos hoje no mundo. Apenas 2% dos resíduos orgânicos no mundo são reciclados via digestão anaeróbia. Temos um potencial inexplorado de 98%. Se todo este potencial fosse aproveitado, o mundo conseguiria reduzir em 11% as emissões globais de gases com efeito de estufa até 2030, segundo estimativas da WBA. A península ibérica  não só tem potencial, como tem recursos excedentários de biorresíduos e solos  degradados, que podem beneficiar do uso dos digestatos gerados pela  digestão anaeróbia. 

Pedro Verdelho, Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)

"Portugal precisa de diversificação energética para garantir resiliência. Se estivermos dependentes só de eletrificação ou só de um vetor energético, somos frágeis perante catástrofes ou choques de mercado. A rede de gás e a rede elétrica já foram  objeto de reestruturações que permitiram criar mercados eficientes. O mesmo tem de acontecer com o biometano. Precisamos de criar uma  ‘interface única’ onde os produtores de biometano possam fazer a sua  candidatura e obter licenciamento. É preciso que  todos os ministérios e entidades envolvidas na aprovação, planeamento e  fiscalização do biometano falem a mesma língua e partilhem o mesmo  objetivo."

Sandra Silva, COO de Resíduos da Veolia

“O biogás não é apenas uma fonte
energética. É também uma solução de descarbonização para indústrias que não conseguem eletrificar-se totalmente. Setores como a cerâmica, o vidro, as indústrias alimentares ou mesmo parte da mobilidade pesada, necessitam de moléculas de gás e não apenas de eletrões. Se não conseguirmos fornecer gás renovável, essas indústrias não terão forma de descarbonizar. Portugal  não está isolado. Temos potencial, temos desafios e, sobretudo, temos de agir  rapidamente. Estamos preparados em termos técnicos,  temos vontade e sabemos como fazer. Mas falta alinhamento político e  institucional. Estamos perante um setor que pode gerar ganhos  ambientais, sociais e económicos. O que nos falta é acelerar o passo e tornar  real o potencial que temos."

Paulo Carmona, Diretor-geral da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG)

“Cada  metro cúbico de biometano produzido em Portugal significa menos gás  natural importado, mais autonomia e mais estabilidade (...) Temos de pensar em  processos de licenciamento mais rápidos, claros e com um pipeline definido. Caso contrário, mesmo tendo capacidade instalada, o setor não avança. O biometano tem uma vantagem técnica:  Quimicamente é metano. É compatível com a rede de gás natural sem  necessidade de grandes adaptações”. 

Perspetivas do Biogás na Europa: O Caminho Para a Descarbonização

Harmen Dekker, CEO da Associação Europeia de Biogás

 

O biometano já representa 7% do consumo  total de gás da UE e está a crescer rapidamente (...) A Dinamarca já abastece 40% da sua  rede de gás com biometano e tem o objetivo declarado de chegar aos 100%  até 2030. Se olharmos para  2050, a Europa poderá produzir 151 mil milhões de metros cúbicos anuais,  suficiente para cobrir praticamente a totalidade da futura procura de gás do  continente”. 

O biometano português pode abastecer diretamente o mercado  ibérico, mas também ser integrado em cadeias transfronteiriças,  especialmente se forem facilitados os fluxos entre Portugal e Espanha. Portugal tem condições climáticas, agroindustriais e  tecnológicas que lhe permitem desempenhar um papel significativo. Segundo  as projeções da EBA, Portugal poderá atingir 0,6 mil milhões de metros cúbicos  de produção anual de biometano até 2030. Para 2050, este valor poderá subir  para 3,7 mil milhões, se incluirmos processos de gasificação térmica. 

Localização

Endereço: Est. Nac. 114, Km 104 Agolada *, 2100-011 Coruche