Resíduos - um ecossistema colaborativo pela economia circular

Testemunho Associação Smart Waste Portugal
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Entrevista a:

 

Luísa Magalhães

Diretora Executiva

Associação Smart Waste Portugal

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A Smart Waste Portugal cumpre já 7 anos de existência e tem procurado assumir-se como a principal plataforma de colaboração nacional para os temas da economia circular. Se pudesse destacar 2 ou 3 grandes conquistas deste percurso, o que realçaria?

A Associação Smart Waste Portugal (ASWP), atualmente, com uma rede de 142 Associados, é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2015, que tem vindo a afirmar-se como uma entidade de referência no contexto nacional, no processo de transição para uma economia circular, promovendo inovação, sinergias, colaboração e o envolvimento dos vários atores das cadeias de valor, academia, associações e entidades governativas.

Aquando da criação da ASWP, ainda não existia o Plano de Ação para a Economia Circular em Portugal, pelo que a Associação se propôs a desenvolver um estudo intitulado “A relevância e impacto do setor dos resíduos em Portugal na perspetiva de uma economia circular”, tornado público em 2018, o qual permitiu perceber quais os setores com maior potencial para a circularidade no nosso país e definir um Roadmap para 2030, com as áreas prioritárias a endereçar pela Associação.

A promoção de uma estratégia colaborativa tem sido o forte da atividade da ASWP, tentando juntar diferentes stakeholders, de uma forma isenta, construtiva e gerando consensos, sempre com o objetivo da transição para uma economia mais resiliente e circular.

Por exemplo, para além dos diferentes Grupos de Trabalho na área do desperdício alimentar, resíduos de construção e demolição, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, a ASWP encontra-se a coordenar o Pacto Português para os Plásticos, desde fevereiro de 2020, a Plataforma Vidro+, desde maio de 2022 e futuramente promoverá a Aliança para a circularidade das embalagens de papel/cartão. Neste sentido, pretende-se estimular a cadeia de valor destes diferentes setores, com o intuito de promover um compromisso com metas definidas, entre indústria, retalho, recicladores, entidades gestoras, SGRU, municípios, OGRs, entidades governamentais, academia, associações, ONGs, entre outras, rumo à circularidade destes materiais de embalagem.

Smart Growth: O Papel da Economia Circular foi o tema da última grande conferência da Smart Waste Portugal, muito participada e com oradores de excelência. Que balanço faz desse momento e que grandes conclusões podem ser retiradas?

Uma das áreas de atuação da ASWP é a produção e divulgação de conhecimento, bem como a partilha de boas práticas na área da economia circular.

No passado dia 05 de maio de 2022 decorreu a Conferência "Smart Growth: o Papel da Economia Circular", promovida pela ASWP em parceria com a Fundação de Serralves, na qual participaram mais de 170 pessoas, e que contou com dois keynote speakers, nomeadamente Paulo Portas, Ex Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros que abordou a crise das matérias-primas e o impacto na economia, e Luís Laginha de Sousa, Membro do Conselho de Administração do Banco de Portugal, que na sua exposição tratou a temática relativa ao financiamento da sustentabilidade. Tiveram ainda lugar dois painéis com especialistas representantes de entidades de várias cadeias de valor, onde se discutiram os novos modelos de negócio rumo à circularidade, as principais barreiras e as ferramentas necessárias para estimular uma economia mais circular.

O alcance e o impacto que a Conferência teve, bem como o crescimento que a Associação tem tido no que se refere a Associados, parcerias e projetos, demonstra a importância do caminho que a mesma tem vindo a estimular, bem como a importância que a temática da economia circular tem nos dias de hoje.

A economia circular começa a ser vista como uma oportunidade, uma diferenciação das empresas e uma resposta para a crise das matérias-primas e para a excessiva produção de resíduos. A Economia Circular é, então, um conceito estratégico chave para promover a dissociação entre o crescimento económico, o aumento do consumo de recursos e o aumento da produção de resíduos.

Estão a ler-nos algumas empresas que poderão não ser ainda associadas da Smart Waste Portugal. O que lhes diria sobre os benefícios de fazer parte desta plataforma?

A ASWP tem por objeto criar uma plataforma de âmbito nacional, que potencie o resíduo como um recurso, atuando em diferentes cadeias de valor, promovendo a Investigação, o Desenvolvimento e a Inovação, potenciando e incentivando a cooperação entre as diversas entidades, públicas e privadas, nacionais e não nacionais. A ASWP pretende constituir-se como um polo aglutinador e agregador de interesses, numa perspetiva focada para o negócio, e ser um interlocutor ativo junto das tutelas, na transição para a economia circular.

As principais vantagens em ser Associado da ASWP são várias:

  • criação de novas oportunidades de negócio;
  • aquisição de informação e conhecimento dentro da área (legislação atual; financiamentos; iniciativas, entre outras);
  • visibilidade, através da promoção e divulgação das suas atividades e boas práticas, dentro da rede e através dos meios de comunicação da ASWP;
  • participação em iniciativas de networking dentro da rede de Associados da ASWP, a qual envolve entidades do setor dos resíduos, de diversos setores industriais, da academia e do setor associativo;
  • criação de sinergias e dinamização de novas parcerias;
  • envolvimento em candidaturas promovidas pela ASWP e seus Associados;
  • participação em iniciativas de formação, Conferências e Ações de comunicação dinamizadas pela ASWP;
  • participação em grupos de trabalho, criando escala e encontrando soluções setoriais de circularidade,
  • influenciar os processos de decisão política relevantes para o setor, tendo em conta as áreas de intervenção consideradas prioritárias.

Ao ser associado da ASWP poderá ter a oportunidade de ser um um player competitivo. Consideramos que a colaboração e o compromisso poderão ser uma resposta para promover a transição para uma economia mais regenerativa, resiliente, circular e sustentável.