Os Green Gatherings são encontros trimestrais da Veolia focados na Transformação Ecológica, que reúnem especialistas para debater soluções de despoluição, regeneração e descarbonização. Em formato exclusivo e intimista, estes eventos promovem a partilha de conhecimentos e boas práticas, com o objetivo de inspirar ações concretas para a preservação dos recursos essenciais.
Num cenário global de desafios ambientais e energéticos sem precedentes, o biogás surge como solução transformadora para a descarbonização e regeneração do planeta. Apesar do potencial e das políticas europeias favoráveis, Portugal ainda enfrenta desafios na implementação desta solução. Os Green Gatherings brought to you by Veolia reuniram especialistas e stakeholders para debater soluções inovadoras na gestão de resíduos orgânicos, economia circular e biogás, com o propósito de construir um futuro mais sustentável.
Oradores

Diogo Martins
Moderador
Jornalista e Pivot SIC Notícias

Flávio Ascenço
Líder Técnico da Associação Mundial de Biogás e da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorrecursos

Harmen Dekker
CEO da European Biogas Association (EBA)

Maria de Fátima Galhardo
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Paulo Carmona
Direção Geral de Energia e Geologia
Imagem retirada de Executive Digest - SAPO

Pedro Verdelho
Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Energia

Sandra Silva
COO de Resíduos, Veolia Portugal
Programa
ABERTURA 10.00 | Abertura e Boas-Vindas
Maria de Fátima Galhardo, Vice-Presidente da Câmara de Coruche
BIOGÁS NO MUNDO 10.15 | Uma via para a Transição Ecológica: #MakingBiogasHappen
Flávio Ascenco, Líder Técnico Sénior da Associação Mundial de Biogás e da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorecursos
BIOGÁS NA EUROPA 10.35 | Perspetivas do Biogás na Europa: O Caminho Para a Descarbonização
Harmen Dekker, CEO da Associação Europeia de Biogás (EBA)
BIOGÁS EM PORTUGAL 10.55 | Transformar Resíduos Orgânicos em Oportunidades: Desafios e Potencialidades de Biogás em Portugal
Flávio Ascenco, Líder Técnico Sénior da Associação Mundial de Biogás e da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorecursos
Paulo Carmona, Direção Geral de Energia e Geologia
Pedro Verdelho, Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos
Sandra Silva, COO de Resíduos, Veolia Portugal
Q&A 11.30 | Quantas Perguntas Cabem Numa Tonelada de Biorresíduos?
Oradores e audiência
ENCERRAMENTO 11.45
José Melo Bandeira, Country Manager Veolia Portugal
IMERSÃO 12.00 | Café, Networking e visita guiada às Instalações
Green Gatherings | Resíduos que Transformam: os Biorresíduos como Estratégia para a Descarbonização em Portugal
Do Debate à Síntese
No passado dia 25 de março, Coruche foi palco de um encontro histórico que reuniu mais de 30 especialistas e líderes do setor empresarial português. Sob o tema 'Resíduos que Transformam: Os Biorresíduos como Estratégia para a Descarbonização em Portugal', este encontro nasceu da necessidade urgente de abordar a transformação de resíduos em recursos energéticos, com particular ênfase no potencial do biogás como solução sustentável.
Num momento em que enfrentamos desafios sem precedentes - com os últimos oito anos registados como os mais quentes da história e uma população global que já ultrapassou os 8 mil milhões - a necessidade de ação tornou-se imperativa.
A escolha estratégica das instalações da Ambitrevo becomes Veolia em Coruche como local do evento não foi coincidência. Este espaço representa já um exemplo prático de inovação na gestão de biorresíduos, onde a compostagem é uma realidade e onde se planeia implementar a próxima fase: a produção de biogás através de digestão anaeróbia.
Biogás e Biometano: O caminho para a autonomia energética de Portugal
Para Portugal, que importa 80% da sua energia, o biogás representa uma oportunidade crucial. Este recurso, produzido através da decomposição controlada de matéria orgânica em ambiente sem oxigénio (digestão anaeróbia), possibilita múltiplas aplicações: desde a produção de energia elétrica e térmica até à sua conversão em biometano, uma alternativa sustentável ao gás natural tradicional. Segundo a Agência Internacional da Energia, será a segunda fonte renovável com maior crescimento até 2050, após a energia solar.
O Plano de Ação para o Biometano (2023) indica que o país tem potencial para produzir
milhões de metros cúbicos de biometano anualmente, equivalente a
do atual consumo nacional de gás
Perspetivas do Biogás na Europa: O Caminho Para a Descarbonização

O biometano já representa 7% do consumo total de gás da UE e está a crescer rapidamente (...) A Dinamarca já abastece 40% da sua rede de gás com biometano e tem o objetivo declarado de chegar aos 100% até 2030. Se olharmos para 2050, a Europa poderá produzir 151 mil milhões de metros cúbicos anuais, suficiente para cobrir praticamente a totalidade da futura procura de gás do continente”.
O biometano português pode abastecer diretamente o mercado ibérico, mas também ser integrado em cadeias transfronteiriças, especialmente se forem facilitados os fluxos entre Portugal e Espanha. Portugal tem condições climáticas, agroindustriais e tecnológicas que lhe permitem desempenhar um papel significativo. Segundo as projeções da EBA, Portugal poderá atingir 0,6 mil milhões de metros cúbicos de produção anual de biometano até 2030. Para 2050, este valor poderá subir para 3,7 mil milhões, se incluirmos processos de gasificação térmica.

“O biogás é o maior exemplo de economia circular que temos hoje no mundo. Apenas 2% dos resíduos orgânicos no mundo são reciclados via digestão anaeróbia. Temos um potencial inexplorado de 98%. Se todo este potencial fosse aproveitado, o mundo conseguiria reduzir em 11% as emissões globais de gases com efeito de estufa até 2030, segundo estimativas da WBA. A península ibérica não só tem potencial, como tem recursos excedentários de biorresíduos e solos degradados, que podem beneficiar do uso dos digestatos gerados pela digestão anaeróbia.

"Portugal precisa de diversificação energética para garantir resiliência. Se estivermos dependentes só de eletrificação ou só de um vetor energético, somos frágeis perante catástrofes ou choques de mercado. A rede de gás e a rede elétrica já foram objeto de reestruturações que permitiram criar mercados eficientes. O mesmo tem de acontecer com o biometano. Precisamos de criar uma ‘interface única’ onde os produtores de biometano possam fazer a sua candidatura e obter licenciamento. É preciso que todos os ministérios e entidades envolvidas na aprovação, planeamento e fiscalização do biometano falem a mesma língua e partilhem o mesmo objetivo."

“O biogás não é apenas uma fonte
energética. É também uma solução de descarbonização para indústrias que não conseguem eletrificar-se totalmente. Setores como a cerâmica, o vidro, as indústrias alimentares ou mesmo parte da mobilidade pesada, necessitam de moléculas de gás e não apenas de eletrões. Se não conseguirmos fornecer gás renovável, essas indústrias não terão forma de descarbonizar. Portugal não está isolado. Temos potencial, temos desafios e, sobretudo, temos de agir rapidamente. Estamos preparados em termos técnicos, temos vontade e sabemos como fazer. Mas falta alinhamento político e institucional. Estamos perante um setor que pode gerar ganhos ambientais, sociais e económicos. O que nos falta é acelerar o passo e tornar real o potencial que temos."

“Cada metro cúbico de biometano produzido em Portugal significa menos gás natural importado, mais autonomia e mais estabilidade (...) Temos de pensar em processos de licenciamento mais rápidos, claros e com um pipeline definido. Caso contrário, mesmo tendo capacidade instalada, o setor não avança. O biometano tem uma vantagem técnica: Quimicamente é metano. É compatível com a rede de gás natural sem necessidade de grandes adaptações”.
Portugal tem potencial inexplorado para liderar mercado de biorresíduos e energia verde

Em entrevista exclusiva para a Veolia, Flávio Ascenço partilhou que "Portugal tem excelentes condições para criar um mercado de valorização dos biorresíduos, transformando um problema ambiental em múltiplas soluções valiosas - desde a produção de energia à geração de biofertilizantes. Com uma forte indústria alimentar, expressiva produção agrícola e pecuária, além de elevada densidade populacional urbana, o país tem potencial para liderar o sul da Europa em gases renováveis. No entanto, o comboio está a sair da estação - é crucial ultrapassar barreiras e criar um 'Biogas Road Map Portugal', pois não há Net Zero sem biogás."